Quarta-feira,
final de tarde. Dia quente em Houston. Dia cheio. Cabeça
quente. Muitos documentos técnicos e reuniões de
trabalho. Pouco tempo para ler jornal. Sentei em minha cadeira
no escritório aqui na NASA. Todos já tinham ido
para casa. Olhei para os lados. Mesa desarrumada. Papéis,
cartas, livros, e outras coisas que nem sabia mais o que eram.
Pensei em organizar. Desisti. Nesse momento, o cansaço
pede música, e a cadeira é confortável. Liguei
o rádio no computador. Coloquei os fones. Olhei para a
tela. Fotos da Rússia. Fotos do Brasil. Um sorriso escapou.
Lembranças boas. Na parede, gráficos, cronogramas
e um papel já meio empoeirado do tempo de estar ali exposto.
Uma mensagem. Lembrei que prendi ali, com durex, há anos,
quando cheguei aqui no escritório dos astronautas. Ficou
ali no canto. Não prestei muita atenção por
todos esses anos. Mas estava sempre ali. Mais de 8 anos. Hoje,
cansado da batalha contra nem sei o quê, muito
menos o porquê, aquelas palavras soaram como
a doce voz da mãe. A voz que acalma o coração.
A mensagem dizia assim:
Pessoas
têm reações absurdas, ilógicas e egoístas,
AME-AS ASSIM MESMO
Se você faz o bem, pessoas irão acusá-lo de
egoísta ou aproveitador,
FAÇA O BEM ASSIM MESMO
Se você tem sucesso, você irá conquistar falsos
e verdadeiros inimigos,
TENHA SUCESSO ASSIM MESMO
O bem que você faz hoje, será esquecido amanhã,
FAÇA O BEM ASSIM MESMO
Honestidade e franqueza fazem você vulnerável,
SEJA HONESTO E FRANCO ASSIM MESMO
O que você gastou anos construindo pode ser destruído
do dia para a noite,,
CONSTRUA ASSIM MESMO
Pessoas realmente precisam de ajuda, mas podem atacá-lo
se você ajudá-los,
AJUDE-OS ASSIM MESMO
Dê ao mundo o melhor de você e você receberá
em troca chutes na boca,
DÊ AO MUNDO O MELHOR DE VOCÊ
.. ASSIM MESMO.
Madre
Teresa
Nesse momento, essas palavras eram exatamente o que eu precisava
ouvir depois de toda a decepção que senti na semana
passada pelos comentários irresponsáveis de alguns
aproveitadores sobre minha passagem para a reserva da Força
Aérea. Esse sentimento ficou registrado, para sempre, dentro
de mim, e também por escrito, para que as gerações
futuras possam aprender através dos fatos da história.
O texto está disponível com o nome "passagem
do serviço da ativa para a reserva da FAB.
Sei
que a essa altura, esse assunto já está completamente
esgotado para todas as pessoas inteligentes do país. A
rigor, não precisaria nem escrever mais nada sobre essas
coisas. Bastaria esperar que os brasileiros de verdade, aqueles
que nunca teriam dúvidas para qual time torcer em um jogo
do Brasil da copa (por exemplo: Brasil x Itália), simplesmente
observassem a seqüência natural dos fatos e acompanhassem
a continuidade do meu trabalho no Programa Espacial e para a Força
Aérea depois da passagem para a reserva.
Porém,
sendo um tanto detalhista e no sentido de dar um cobrir
e alinhar geral (termo da gíria militar para organizar)
nessa história toda, resolvi colocar algumas observações
finais. Com isso ficará clara a diferença entre
as palavras irresponsáveis de alguns e as minhas ações
concretas. Isso encerra de uma vez por todas esse assunto absurdo.
Em
resumo, eu sou um piloto, astronauta e engenheiro, e minha forma
de pensar é exatamente como necessário para essas
profissões: clara, direta, e simples. Assim, não
trabalho com suposições, ou achismos.
Trabalho com fatos, atitudes, decisões e ações.
Operacionalmente, essa característica é, muitas
vezes, a diferença entre a vida e a morte.
OK!
Ficaram todos muito carrancudos! Prefiro um sorriso no rosto!
Então, para relaxar, alguém sabe quais são
as três coisas mais inúteis para um piloto de caça?
-
Altitude
para cima do avião Não se preocupe
com o que não pode mudar!
-
Pista
para trás do avião Tome as
melhores decisões possíveis, e sempre mantenha
a atenção no presente e no futuro.
-
Combustível
consumido Use os recursos disponíveis com atenção.
Retornando
ao nosso assunto. Em termos práticos:
1. A MISSÃO CENTENÁRIO:
Cumpri
exatamente da forma que fui designado e treinado, como militar,
para fazê-lo: sem nenhum erro operacional.
O treinamento executado durante 8 anos, foi exclusivamente para
o objetivo de execução operacional da missão
(operação dos sistemas, experimentos, sobrevivências,
etc). A realização da missão com precisão
foi, portanto a concretização e o retorno integral
de todo o investimento feito pela AEB para o meu treinamento. Portanto,
tal custo, foi completamente justificado e selado quando do momento
do pouso da missão.
As finalidades definidas e divulgadas pela AEB para a missão
eram: realizar experimentos científicos e aumentar a visibilidade
e atenção sobre o programa espacial. Claramente, os
dois objetivos foram cumpridos plenamente. Portanto o custo pago
pela AEB para a Rússia para a realização da
missão foi completamente justificado dentro dos critérios
(objetivos) estabelecidos pela administração.
A minha participação na missão foi exclusivamente
como astronauta (tripulante). Obviamente, nessa função
não são incluídas as decisões de orçamento,
custos, ou qualquer outro fator administrativo. Portanto, não
cabe a mim a atribuição e muito menos sou a pessoa
correta para a justificativa de qualquer parte do custo da missão
ou dos seus objetivos.
Atitudes e decisões:
O
trabalho científico associado ainda está em andamento
pelos pesquisadores, mas já começa a dar os primeiros
resultados.
O trabalho de utilização da missão como foco
de divulgação do programa espacial e motivação
de jovens para as carreiras militares e de ciência e tecnologia
estará em andamento por muitos anos. Eu estarei fazendo a
minha parte promovendo a educação e através
de palestras e eventos públicos por todo o Brasil.
Do ponto de vista operacional, a Missão Centenário
foi encerrada no dia 09 de Abril de 2006. Acabou, já está
no passado! Agora é tempo de buscar novos desafios. É
tempo de olhar para frente, tocar a vida, realizar mais!
A Missão Centenário foi uma decisão e realização
do governo. Se o governo decidir usá-la para divulgação
de suas realizações, isso é um direito adquirido
e, certamente, não é da minha área de decisão.
Os fatos que eu sei são os seguintes:
Ninguém, em sã consciência, pode ignorar ou
negar a importância da missão para a motivação
das futuras gerações. Ela foi, portanto muito importante
para o País.
Também, ninguém pode negar que, para que a missão
acontecesse, o governo teve que ter a coragem de tomar a decisão
de realizá-la, assumir a responsabilidade, cobrir os custos
e encarar as opiniões contrárias. Isso eu admiro:
atitude, coragem para assumir posição, encarar críticas
destrutivas e fazer o que tem de ser feito para o bem do País.
Por outro lado, fique bem claro que eu Marcos Pontes
não sou a Missão Centenário, e que eu
Marcos Pontes não tenho partido político.
Assim, o que posso afirmar, com certeza, é que não
estarei em nenhum palanque fazendo discurso a favor de nenhum partido
ou candidato, de qualquer dos lados.
"Eu - Marcos Pontes, sou apenas um eleitor comum, que
teve a missão de treinar anos e colocar a vida, literalmente,
a serviço do país para levar a bandeira pela primeira
vez em órbita do planeta. Apenas isso.
2.
AS OPÇÕES DEPOIS DA MISSÃO
O
que eu gostaria..
Que o projeto da participação brasileira na ISS estivesse
plenamente funcionando desde 1997,
Que tivéssemos entregue já quase todas as 6 partes
originalmente sob responsabilidade do Brasil
Que o nome do Brasil dentro do grupo dos 16 países participantes
fosse hoje um sinônino de competência técnica,
responsabilidade, pontualidade e seriedade
Que tivéssemos um vôo já escalado para esse
ano ou para 2007 a bordo do ônibus espacial para a ISS,
Que depois da participação na Missão Centenário,
eu pudesse continuar na FAB, representando o Brasil e treinando
aqui na NASA, na função exclusiva de astronauta, aguardando
o próximo vôo espacial já escalado,
Que não fosse necessária a minha participação
na área técnica pois o programa tivera sempre o apoio
completo de todas as instituições do programa espacial,
Que já tivéssemos um segundo astronauta sendo treinado
aqui, aguardando para a ampliação da cooperação
e a escalação para seu vôo.
Seria bom, não seria? Porém, infelizmente o cenário
real logo depois do meu vôo é bem diferente...
O Brasil ainda não entregou nenhuma parte de sua responsabilidade
na cooperação internacional da ISS
O Brasil está prestes a ser dispensado da cooperação
internacional
Na carreira militar, eu não tinha mais perspectiva de ascensão.
Não existe nenhuma perspectiva de um segundo vôo espacial
segundo a contribuição atual do Brasil na ISS.
Isto é, minhas funções deixaram de ser do escopo
de representante do Brasil no espaço e passaram
a ser apenas no setor técnico, trabalhando pela AEB e/ou
em benefício do setor privado (indústria) dentro da
NASA.
Este era parte do cenário real. Certamente muita gente desistiria
e partiria para outra. Mas eu nunca aceitaria essa opção.
Considerei esse cenário injusto com a Força Aérea,
visto que o acordo feito era para a minha manutenção
no exterior para representar o Brasil como astronauta
no programa. Agora eu não estaria mais fazendo isso e ainda
não estaria produzindo nenhum trabalho para a FAB, apenas
para a AEB e o para o setor privado
Contudo, ciente da minha importância para manter a participação
brasileira na ISS, primeiro ficou claro que eu deveria permanecer
em Houston.
Hoje temos uma situação crítica. Uma situação
na qual o programa precisa de mim, mais do que nunca, na intermediação
da parte técnica para ajudar a contornar com a NASA os problemas
dos atrasos do Brasil e para ajudar a viabilizar e acelerar, trabalhando
junto ao setor privado nacional, a construção das
partes espaciais tão esperadas.
Assim, ciente do cenário completo, fiquei com apenas duas
opções possíveis:
Opção 1: Continuar na
ativa e retornar ao Brasil para trabalhar como Ten.Cel.Av em alguma
unidade da FAB, provavelmente o CTA, abandonando o projeto da ISS,
no qual trabalhei 8 anos, ou
Opção
2:
Por ter todos os requisitos necessários, eu poderia passar
para a reserva, continuar em Houston, trabalhar para ajudar o programa
da ISS, lutar para ampliar essa cooperação com sucesso
e assim conseguir incluir um segundo astronauta para dar continuidade
no projeto de vôos tripulados no Brasil, e colaborar em projetos
e cooperações do IAE-FAB de forma mais eficiente e
ampla.
Atitudes
e decisões:
Em
face da seriedade da situação, consultei longamente
com o Comandante da Força Aérea a respeito do que
poderia ser a melhor decisão. Falei com a família
e pessoas que conheciam o cenário completo em todos os aspectos.
Assim, todos os conhecedores de todos os fatores envolvidos participaram
ativamente da decisão.
Finalmente uma decisão, baseada na busca do melhor e do mais
adequado para todos os projetos, instituições e pessoas
envolvidas, foi tomada conjuntamente com o oficiais do Comando da
Aeronáutica, o Comandante da Força Aérea e
com a ciência do Presidente da AEB.
A decisão: Por ser muito mais vantajosa para o programa espacial
e a para a FAB a segunda opção acima foi escolhida.
Como visto, obviamente a transferência do serviço ativo
para a reserva da Força Aérea não significou
saída do Programa Espacial (como alguns irresponsáveis
correram para opinar). Ao contrário, fez com
que eu me aproximasse mais ainda de todos os setores.
Além disso, essa decisão me possibilita ser ativo
na área social da educação de crianças
de baixa renda. Algo extremamente importante para mim.
Assim, a lógica imperou, e de um modo bastante natural. Na
verdade, a situação de continuar trabalhando na reserva
aqui na NASA (ou em qualquer lugar do planeta) é bastante
comum para qualquer militar. Uma opção e um direito
adquirido pelos anos na carreira. No meu caso, visto o cenário
que eu tinha, eu não tinha outra opção lógica.
Contudo, vários dos astronautas, amigos meus, fizeram também
essa opção e são oficiais da reserva. Aqui
vai um exemplo que certamente todos vão recordar: William
MacArthur, Coronel da Reserva do Exército Americano, tripulante
da expedição 12 da ISS. Estivemos juntos no espaço
e ele pousou comigo no Soyuz! Interessante, não é?
OK! A decisão foi tomada, o processo foi realizado pelo setor
competente da Força Aérea e minha passagem para a
reserva foi publicada no Diário Oficial. Feito. Pista para
trás.
Enquanto pessoas desinformadas ou mal-intencionadas falavam asneiras
e barbaridades sobre o fato consumado, continuamos em frente, de
modo produtivo, trabalhando aqui em Houston para tentar salvar a
participação brasileira na ISS e para otimizar a nova
situação!
Nota: Só nos atrapalhou o fato de eu ter de ficar perdendo
tempo precioso de trabalho para tentar corrigir os danos que a irresponsabilidade
de alguns aproveitadores causou no moral dos nossos jovens. Ou seja,
além de prejudicar o meu trabalho para o programa espacial,
em um momento crítico, ainda prestaram um completo desserviço
ao futuro do país!
Sigamos em frente....para a próxima etapa!
3.
NA RESERVA E TENDO QUE CONTINUAR TRABALHANDO EM HOUSTON, COMO PROVER,
RECURSOS SUFICIENTES E MANTER A FAMÍLIA?
E
depois da reserva? Será que seria injusto o astronauta, militar
da reserva, ser remunerado pela agência civil para a qual
trabalha? Vamos ver como é feito por aqui, na NASA, onde
existem astronautas militares há mais de 40 anos.
Quando um militar, digamos um capitão aviador da Força
Aérea Americana, é selecionado para a função
de astronauta, a NASA assume completamente a responsabilidade pela
sua remuneração, além obviamente de todos os
custos de seu treinamento e vôo espacial. Enquanto ele está
no serviço ativo, ele continua a receber o salário
através do sistema de pagamento da Força Aérea,
no valor normal do seu posto, porém a NASA repassa anualmente
para a Força Aérea todos os custos de salário
e outras obrigações empregatícias. Quando o
militar passa para a reserva, a Força Aérea paga o
salário previdenciário do oficial. Desse ponto em
diante, a NASA paga o salário normal de astronauta, mas agora
sem a intermediação da Força Aérea.
Simples não é? Todos têm plena consciência
de que a transferência para a reserva é um direito
adquirido através dos anos de trabalho segundo a lei. O processo
é completamente normal, natural e sem discussões descabidas
Na verdade, isso não é nenhuma novidade. Existem milhares
de servidores no Brasil que são recontratados após
a reserva ou aposentadoria. Ou seja, por quê um ou outro deveria
ser discriminado?
No meu caso, quando das análises com a Força Aérea
para a decisão de minha reserva, já mantivemos um
início de conversação conjunta com a FIESP
para que, através de consultoria, eu pudesse impulsionar
de forma eficiente a construção, junto à indústria,
das partes nacionais para a participação brasileira
na ISS, bem como ajudar na integração entre o setor
privado e outros projetos da área espacial e da defesa.
Assim, dado ao exposto com relação a NASA (no nosso
caso a AEB), ficamos novamente entre duas opções com
relação à maneira pela qual eu poderia obter
remuneração:
Opção 1: Através
da AEB, semelhante ao que é feito pela NASA para os astronautas
que são oficiais da reserva, ou
Opção
2: Através
de meus próprios meios, desenvolvendo atividades concomitantes
na iniciativa privada que, ao mesmo tempo, gerem a renda necessária
para o sustento de minha família e também permitam
que eu permaneça desenvolvendo os projetos, coordenadamente,
junto à AEB-NASA em Houston e, no Brasil, junto à
FAB e à indústria privada.
A
primeira opção, embora fosse o natural na NASA e mais
segura para mim, teria dois pontos contrários:
gerar um peso extra na folha de pagamentos da AEB e
a possibilidade de má interpretação pela imprensa,
conforme demonstrado claramente quando o Presidente da AEB falou
a respeito da possibilidade de gasto extra para pagar por
minha consultoria.
Atitudes e decisões:
Depois
de analisar por completo a situação, a segunda opção
mostrou-se mais adequada e lógica para todos, pois permite
a solução completa dos problemas da primeira opção
com a redução a zero de todos os gastos dos cofres
públicos comigo, enquanto permaneço trabalhando nos
projetos de interesse do Programa Espacial e Força Aérea.
Quanto a mim, a opção permite ainda maior progresso
profissional, através das atividades concomitantes no setor
privado como maior experiência através de consultorias
técnicas, participação em campanhas publicitárias,
atividades empresariais, etc.
Decisão tomada, o próximo passo é a busca imediata
de possibilidades de atividades e contratos junto ao setor privado.
Além disso, continuar as negociações com a
FIESP para a consultoria na fabricação das partes
da ISS,
Em resumo, e de forma geral, passamos a adotar a seguinte política:
considerando os meus objetivos pessoais pela participação
brasileira na ISS, pela Força Aérea, pela Educação
e pelo meu amor pelo País, todas as minhas atividades, dentro
de minha possibilidade e diretamente em prol do setor público
e instituições não lucrativas, serão
feitas sem nenhum custo de remuneração. Para o setor
privado com fins lucrativos, todas as atividades serão remuneradas.
Tomada mais uma decisão, seguimos em frente.
4. OFICIALIZAÇÃO DA CONTINUIDADE DE MINHA
PARTICIPAÇÃO NO PROGRAMA ESPACIAL
Eu sou de uma cidade do interior. Meu pai costumava dizer que a
palavra de uma pessoa de bem tem mais valor que qualquer papel.
Na Força Aérea aprendi o valor do compromisso com
a nação. Aquele sentimento que faz com que, no meio
de uma forte artilharia anti-aérea, mesmo perdendo amigos
da esquadrilha, não esmorecemos e continuamos na proa do
alvo para cumprir nossa missão.
Também na FAB aprendi o que significa levar a mensagem
a Garcia. Quem não sabe, pesquise.
Foi com esse tipo de espírito de compromisso que trabalhei
e abdiquei da minha vida pessoal por 8 anos para ajudar a manter
a participação brasileira na ISS, treinando com dedicação,
mesmo quando não parecia haver esperanças de vôo,
para realizar a missão para a qual a Força Aérea
me designou para o Brasil.
Isso só é possível quando temos objetivos pessoais
muito definidos e a determinação firme de realizá-los.
Se alguém ainda não notou, alguns dos meus objetivos
pessoais importantes estão diretamente relacionados a eu
permanecer trabalhando no programa espacial e na Força Aérea.
Basta ler o texto da reserva e os tópicos anteriores desse
aqui, quanto às decisões tomadas.
Portanto, para informação dos desavisados, eu continuaria
trabalhando em prol desses objetivos, e portanto ajudando aos projetos
do Programa Espacial e da FAB, mesmo que a administração
atual tentasse me impedir, ou mesmo proibisse, que eu participasse.
Ou seja, o problema que o governo tem não é de tentar
me manter em atividade nesses projetos. O problema seria
de tentar me tirar deles!
Lembre-se que governos, administrações e as pessoas
passam. Porém, o País, os projetos e os objetivos
verdadeiros, devem sempre permanecer.
Só como exemplo, o projeto da participação
brasileira na ISS sobreviveu assim (acredite, apesar de muita gente),
com determinação, durante 2 governos, 4 ministros
de C&T, 4 Presidentes da AEB, 3 Diretores do INPE, 5 Gerentes
de Projeto, e 1 astronauta.
Isso não quer dizer que a minha presença seja absolutamente
essencial para que ele seja concluído com sucesso. Ninguém
é insubstituível. Mesmo porque, as decisões
sobre a manutenção do projeto, seus orçamentos,
e todos os outros fatores administrativos, são de competência
exclusiva da AEB. Eu só posso tentar ajudar e opinar.
Atitudes e decisões:
Apesar de acreditar que não exista dúvida no país
sobre minha determinação e compromisso (pelo menos
por parte dos brasileiros de verdade), decidimos que seria apropriado
deixar esse compromisso por escrito, de forma a oficializar minha
participação nas seguintes atividades, sem custo de
remuneração aos cofres públicos:
Continuar no projeto da participação brasileira da
ISS como intermediador técnico na NASA em Houston,
Iniciar assessoramento nos projetos do IAE, como VLS e as cooperações
internacionais
Essa é a diferença entre atitudes concretas e palavras
vazias.
5. AÇÕES FUTURAS:
Área
técnica:
Além das atividades junto ao Programa Espacial e à
FAB.
Iniciaremos análises para motivar a criação
de um Centro Dedicado para Pesquisas em Microgravidade
Área de educação:
Estamos planejando um programa educativo de TV junto com a TV
do SABER TV Cultura que será distribuído
a mais de 5000 escolas públicas só no estado de São
Paulo.
Área de divulgação:
Continuarei a realizar palestras sem remuneração para
divulgar o programa espacial e a Força Aérea, motivando
milhares de jovens para as carreiras militares e de Ciência
e Tecnologia em centenas de instituições públicas
e sem fins lucrativos.
Os custos de logística (passagens, estadia, etc) serão,
como sempre, cobertos pela instituição organizadora.
Área social:
Iniciaremos a estruturação de um instituto para promover
educação às crianças de baixa renda.
Área política:
No momento não tenho qualquer intenção de participar.
Se um dia eu julgar que essa atividade seja necessária para
a continuidade de meus projetos sociais, dentro de minhas convicções.
Se eu julgar que eu tenha a preparação teórica
e as experiências necessárias no meio político
e, finalmente, que exista o desejo público que eu seja o
seu representante, aí eu posso considerar a idéia.
No momento, sem a menor chance. Deixo a missão para aqueles
mais capacitados a realizá-la.
CONCLUINDO...
Esta,
portanto, é a realidade dos fatos. Essas são as atitudes,
as decisões, e as ações. Isso é o como
sou. Isso é o que eu sou. Uma pessoa comum como qualquer
outra. A única coisa que tenho é uma determinação
fora do comum. Sou um piloto, um astronauta e engenheiro. Não
posso resolver todos os problemas dos programas, não posso
fazer milagres, não posso convencer a todos com palavras.
Mas posso lutar pelo que acredito e manter a atitude e trabalhar.
O tempo e as atitudes demonstrarão por si.
Isso é a única coisa lógica a fazer. Todas
as decisões já foram tomadas. Agora é hora
de trabalhar e realizar. Vou dar o melhor para contribuir
com o meu país e para progredir profissionalmente. Alguns
vão gostar e aplaudir. Outros vão arregaçar
as mangas e ajudar. Alguns irão tentar de todo modo fazer
a única coisa que sabem atrapalhar. Vou dormir em
paz. Afinal, isso não é o que todos nós queremos,
ou deveríamos querer?
Finalmente, recosto na cadeira novamente. Longo texto. Olho para
a parede. Aquela mensagem faz, realmente, todo o sentido.
Fiquemos
todos com Deus!
Pessoas têm reações absurdas, ilógicas
e egoístas,
AME-AS ASSIM MESMO
Se você faz o bem, pessoas irão acusá-lo de
egoísta ou aproveitador,
FAÇA O BEM ASSIM MESMO
Se você tem sucesso, você irá conquistar falsos
e verdadeiros inimigos,
TENHA SUCESSO ASSIM MESMO
O bem que você faz hoje, será esquecido amanhã,
FAÇA O BEM ASSIM MESMO
Honestidade e franqueza fazem você vulnerável,
SEJA HONESTO E FRANCO ASSIM MESMO
O que você gastou anos construindo pode ser destruído
do dia para a noite,,
CONSTRUA ASSIM MESMO
Pessoas realmente precisam de ajuda, mas podem atacá-lo se
você ajudá-los,
AJUDE-OS ASSIM MESMO
Dê ao mundo o melhor de você e você receberá
em troca chutes na boca,
DÊ AO MUNDO O MELHOR DE VOCÊ
.. ASSIM MESMO.
Madre Teresa
A
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